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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Viva a democracia e a liberdade de expressão!


"Do outro lado da rua as casas continuavam com suas fachadas insípidas. O que foi que Clarisse havia dito naquela tarde? 'Nenhum alpendre. Meu tio diz que geralmente existiam alpendres. E as pessoas às vezes se sentavam ali à noite, conversando quando queriam conversar; caladas nas cadeiras de balanço, só se balançando quando não queriam conversar. Às vezes simplesmente ficavam ali sentadas, pensando, refletindo. Meu tio diz que os arquitetos eliminaram os alpendres porque não tinham um bom aspecto. Mas meu tio diz que isso não passava de racionalização; o verdadeiro motivo, escondido por baixo, podia ser que não queriam as pessoas sentadas daquele jeito, sem fazer nada, balançando nas cadeiras, conversando; esse era o tipo errado de vida social. As pessoas conversavam demais. E tinham tempo para pensar. Por isso, acabaram com os alpendres.'"

Trecho extraído do livro Fahrenheit 451 do autor Ray Bradbury (pág. 95 e 96 da edição Globo de Bolso).

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