Em um trabalho publicado no ano de 2010, David Penney discute a relevância do estudo de Hill e Richman, que através de dados genéticos e morfológicos inferiram que a origem do grupo de aranhas deu-se no Cretáceo-Superior (cerca de 90 milhões de anos atrás). Contudo critica que não foram levados em conta dados paleontológicos que corroborassem tal afirmação. Assim como estes dois cientistas, outros mencionam a existência de fósseis de salticídeos provindos de formações rochosas do Cretáceo coletados em Nova Jersey, França e Jordânia. Entretanto tais fósseis foram identificados erroneamente, levando a interpretações duvidosas da história evolutiva destes animais. Ainda assim nenhum dos três fósseis foi citado no trabalho de Hill e Richman.
Contudo registros fossilíferos de salticídeos são bastante frequentes nas regiões Bálticas e na República Dominicana, aparecendo no interior de âmbar e datando do Terciário (a partir de 65 milhões de anos atrás). Tal abundância pode ser explicada pelo fato de papa-moscas serem aranhas orientadas, predominantemente pela visão, sendo atraídas por insetos aderidos às resinas grudentas de plantas e acabando por serem presas também. Desta forma, a preservação em âmbar destes animais aparenta ser bastante recorrente. Assim sendo deveriam ser também abundantes no Cretáceo-Superior, caso existissem, o que não parece ser verdade.
Além disso, se este grupo existisse e fosse tão bem distribuído, como é sugerido, sua distribuição deveria ser ampla, atingindo toda Pangea. Todavia observamos que as distribuições do grande grupo a que pertencem as aranhas papa-moscas (Salticoida) acompanham os limites dos continentes modernos, refutando a origem Mesozóica de tal grupo.
Hill e Richman discutem em seu trabalho o grande motivo responsável pela alta e rápida diversificação do táxon, resultando nas 5.293 espéceis distribuídas em 570 gêneros atualmente conhecidos. Eles hipotetizam que os climas tropical e sub-tropical durante o Terciário impeliram a diversificação do grupo, culminando nesta grande diversidade. Porém a maioria das floresta de âmbar do Cretáceo cresceram sob condições semelhantes, e ainda assim não há registro fóssil de Salticidae neste período. Deixando a situação ainda mais misteriosa e enigmática a escassez de fósseis destas aranhas nas épocas mais antigas do Cenozóico, como o Eoceno (cerca de 50 milhões de anos atrás), sendo conhecida uma única subfamília de Salticidae desta época, enquanto quatro ocorrem no Mioceno, sugerindo que a diversificação destes aracnídeos tenha realmente ocorrido no período Cenozóico.
Contudo não devemos excluir completamente a possibilidade da origem ter se dado no Mesozóico e as pesquisas em busca de uma Salticidae do Cretáceo deve continuar. Nas palavras do autor, “A busca pela papa-mosca do Mesozóico tem sido, e continuará sendo, um dos santo graais da paleoaracnologia”.
Referências
HILL, D. E. & D. B. RICHMAN. 2009. The evolution of jumping spiders (Araneae: Salticidae): a review.
PENNEY, D. 2010. The evolution of jumping spiders: paleontological evidence.
PLATNICK, N. I. 2010. The world spider catalog, version 11.0. American Museum of Natural History, online at: http://research.amnh.org/entomology/spiders/catalog/index.html
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